O arrependimento que liberta.

Pastor Ademir Miliavaca
Publicado em 29/06/2023

Ao meditar sobre a Palavra essa semana, surgiu o questionamento: porque muitos de nós, após determinado tempo de evangelho, ainda somos escravos de nós mesmos, escravos de situações que vivemos e que às vezes nos fazem desistir do evangelho?

Afinal, o que nos sustenta no evangelho? O que pode levar cada irmão da igreja a amar mais e mais Jesus como nós somos amados por Ele e entendermos como funciona isso? 

Então me veio uma visão clara de um texto que sempre leio, um texto sobre a história de Davi. Davi foi uma pessoa que foi chamada por Deus como o “homem segundo o seu coração”. E por que ele era assim? 

Em duas citações da bíblia entendemos isto, mas aqui comentaremos somente uma, quando Samuel passa a Saul a mensagem de Deus, rejeita-o e diz “vou colocar outra pessoa no seu lugar, um homem segundo o coração de Deus”. Em Atos dos Apóstolos, Paulo explica, em uma sinagoga, o que Deus disse: “encontrei Davi, filho de Jessé, homem segundo meu coração, ele fará tudo que for da minha vontade”

Temos algumas observações sobre Davi; sabemos que ele não foi um pai muito nobre, foi um grande guerreiro, teve pecados de sangue, pecados de adultério, ele foi um pecador como eu e você, mas o amor de Deus resolveu dizer “esse é um homem segundo meu coração”. Por quê? 

Porque ele faria tudo que fosse da vontade de Deus! Uma das principais vontades de Deus era que ele não pecasse, mas ele pecou e nos perguntamos: como Davi encontrou esse caminho de volta? Que caminho é esse que pode nos dar sustentação no amor de Deus? 

Foi o arrependimento, um arrependimento genuíno.

Davi tinha um coração contrito quando descobria que errava, era resiliente, conseguia vencer o seu orgulho, conseguia vencer a sua soberba e conseguia se submeter a Deus, a vontade do Senhor para buscar o perdão, a misericórdia e a compaixão de Deus por meio de um arrependimento genuíno. Esse foi o caso do adultério de Davi com Bate-Seba. Como uma mentira chama outra mentira, um pecado chama outro pecado e ele decidiu continuar no pecado. Além do adultério, mentiu e por fim assassinou Urias, enviando-o propositalmente para a frente da batalha e cometendo pecado de sangue. 

 

2 Samuel 11: 27 Vejam, mas Deus mandou um recado a Davi, porque o que ele fez desagradou o Senhor.

 

2 Samuel 12: 1- 14 Algumas vezes somos como Davi, errados, mas querendo ser justiceiros, no evangelho Jesus nos ensina: “que atire a primeira pedra aquele que não tem pecado algum” “não  olhe o cisco que está no seu irmão, mas antes tire a trava de seu olhos”. 

 

Davi pecou, mas ainda queria ser justo. Então o profeta Natã expressou tudo que Deus havia lhe dado e como, ainda assim, ele pecou; apontou, também, todas as consequências de seus erros sobre sua vida e sua família. O que Deus revela a mim e a você é que seu pecado poderá ser perdoado, mas a semente plantada deverá ser colhida. As consequências dos nossos erros teremos que suportar! Temos o direito de quebrar maldições, temos o direito  de orar, mas só o arrependimento genuíno vai nos restaurar em todos os nossos aspectos.

Nós podemos sustentar a nossa vida, o nosso dia a dia, o nosso relacionamento com o Senhor, de filhos amados de Deus. Ele não deixa de nos amar!  Cada vez Ele vai nos amar mais, contudo, podemos cultivar isso como um jardim lindo se tivermos o princípio do arrependimento genuíno. Há um tremendo poder de libertação e de correção de rota na vida daqueles que conseguem fundamentar suas escolhas em um arrependimento sincero e genuíno 

Vamos entender: sem arrependimento verdadeiro não crescemos. O arrependimento genuíno é um “nunca mais pecar”! O arrependimento verdadeiro acontece dentro de mim quando decido nunca mais pecar!

Sem o arrependimento verdadeiro a gente não muda, a gente não cresce, a gente não se liberta!

Não há arrependimento verdadeiro até que tenhamos feito algo a respeito do pecado, até que vençamos o pecado. O arrependimento não foi verdadeiro se eu, por exemplo, acordei de madrugada e fui ver pornografia só uma vez. Nesse caso você não venceu! Se mentiu para poder fechar o negócio, você não venceu! “Eu só peguei um pouco do dinheiro do sócio, porque estava passando por uma situação difícil”, então você não venceu ainda o pecado! “Eu falei mal da minha amiga porque eu tenho raiva dela”, uma vingança, então você não venceu! Então esse é o processo que precisamos compreender, não basta saber que é errado ou ficar triste por ter pecado, pois triste é remorso, o pecado precisa ser abandonado!

O que é pecado? É fazer as coisas que não estão agradando a Ele, pecado é quando você não está de acordo com a Palavra, com as revelações do Espirito Santo. Segundo John Piper, escritor falecido há poucos dias, os pecados são definidos assim:

  • A glória de Deus não honrada;
  • A santidade de Deus não reverenciada;
  • A grandeza de Deus não admirada;
  • O poder de Deus não louvado;
  • A sabedoria de Deus não estimada;
  • A beleza de Deus não anelada;
  • A bondade de Deus não saboreada;
  • A fidelidade de Deus não confiada;
  • Os mandamentos de Deus não obedecidos;
  • A justiça de Deus não respeitada;
  • A ira de Deus não temida;
  • A graça de Deus não apreciada;
  • A presença de Deus não prezada;
  • A pessoa de Deus não amada.

 

Isso tudo é pecado!

É preciso manifestar o amor! Ter fé liberta aquele que ainda é escravo do pecado, mas não liberta totalmente, porque o que liberta é o verdadeiro arrependimento. John MacArthur falou: “onde não há mudança visível de conduta, não se pode confiar que houve arrependimento”. Aquele que diz “eu me arrependo”, mas não muda, esqueça, ele não se arrependeu. Não se pode vencer o pecado que você finge que não tem. Não tem como você ser perdoado por um pecado que você não confessa e não tenha arrependimento real. É difícil reconhecer o erro, mas é necessário, e as pessoas próximas a você são as que mais o conhecem e podem o direcionar e puxar sua orelha. É natural, precisamos expandir nossa consciência em direção a verdade de Cristo que nos leva ao arrependimento genuíno e contínuo, é a verdade! 

Por isso João falou em João 8:32 que aquela não era uma mensagem para as pessoas que não conheciam a Palavra, era uma verdade para o povo judeu que conhecia o Alcorão desde a infância. Os chamou de hipócritas, pois eles tinham entrado no mundo da mentira.

O cristão que parou de se arrepender, parou de crescer!

Se Davi naquele momento não tivesse decidido se arrepender de fato, ele não teria interrompido tantas maldições. Quando não temos fome de arrependimento e da sua justiça, normalmente é porque estamos cheios de nós, queremos nos justificar, explicar e até fugir da verdade. O nosso orgulho nos esconde da verdade, pois ela nos mostra quem realmente somos e isso dói, pois existe algo lá no interior de nós que está escondido. Mas Deus conhece nosso interior, mais do você pode imaginar; Deus conhece essa profundidade, você pode esconder de todos, mas de Deus você não esconde nada. 

Deus transforma a vida de pessoas e não de personagens, por isso precisamos viver com autenticidade, porque um personagem ensaia um projeto de vida, faz um show, é um ator. Muitos não querem viver a própria verdade e vivem como atores, não se libertam, sempre têm uma coisa incomodando, sempre têm uma coisa pesando. Tem pessoas que falam “eu não tenho que pedir perdão para ninguém” e você conhece a pessoa e sabe o quanto ela é amargurada, vivendo uma personagem; mas quando você lava os pés do seu ofensor, você tira uma tonelada de amargura e se sente livre.

Eu preciso ser verdadeiro com Deus! 

Nós temos dois tipos de arrependimentos:

  1. O hipócrita: como foi o de Saul, momentâneo, para mostrar somente para os homens, ou seja, ele sente um remorso, não por ter ofendido a Deus, mas pelas consequências que viriam dos seus atos, experiência momentânea de arrependimento.
  2. O genuíno: como foi de Davi, entendeu que pecou contra o Senhor. Precisamos entender que ninguém é superior, todos somos iguais e devemos nos arrepender do mal que fizemos a um irmão.

Suas escolhas definem aonde você quer chegar, suas renúncias falam sobre quem você é, o remorso alimenta um ciclo vicioso que o sustenta fora do caminho de Deus. O arrependimento o coloca no caminho verdadeiro. 

Os dois geram tristeza, um pela ofensa à Deus e outro pelas consequências que serão sofridas. Por exemplo: se eu matei alguém e fui preso e lá na cadeia eu choro e digo: “Meu Deus eu perdi minha vida por aquele sem vergonha”, eu não me arrependi pelo pecado que cometi, estou triste porque estou na cadeia, choro pelo prejuízo que tenho, mas não pela dor que causei ao outro. Isto é remorso, uma dor aguda e momentânea, depois ela passa e você volta a pecar.

Arrepender-se é sobre aquilo que eu já fiz e me converter é lastrear minha vida no arrependimento para nunca mais fazer.

Quanto daqui leram o Salmo 51? Irmãos, sempre que posso eu leio o Salmo 51, de 5 a 6 vezes por semana, porque o Salmo 51 é a oração que Davi fez para chegar aonde ele precisava diante de Deus e apesar do pecado Deus continuou abençoando sua vida. Davi entendeu o poder da misericórdia do Senhor, que era em Deus que ele deveria buscar o sobrenatural e que ele sozinho não venceria o pecado. 

Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável. Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o teu Santo Espírito.” Sl 51:10-11, faça em mim a tua vontade.

Senhor me dê um coração igual ao de Davi, contrito e arrependido, que saiba se quebrantar, lapida-me esta noite, neste lugar, não me abandone!

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