Pastor Ademir Miliavaca
Publicado em 21/08/2025
Desde o momento em que nascemos, carregamos dores e marcas que, muitas vezes, transformam-se em traumas ao longo da vida. Mas, neste texto, aprenderemos a reconhecer e a romper com estes ciclos. Desde o Éden, vemos as batalhas enfrentadas pela humanidade, e essas lutas nos fazem refletir sobre o impacto que deixamos em nossos filhos e nas próximas gerações. Aquilo que não é curado em nossa história pode ser amplificado na vida dos que virão depois de nós.
Quando estamos feridos, nossas dores transbordam em atitudes: reagimos com grosseria, insensatez e, muitas vezes, acabamos ferindo quem está ao nosso redor. Por isso, é essencial buscarmos cura para as nossas feridas, a fim de que possamos semear algo eterno na vida daqueles que virão depois de nós. Que possamos deixar, como herança, não marcas de dor, mas um legado de amor.
Enquanto não permitirmos ser curados, nossas guerras se tornarão a herança de nossos filhos, netos e das próximas gerações. Cada geração sempre enfrentará o confronto entre luz e trevas, herança e ruptura. Feridas não tratadas como mágoas, ressentimentos e amarguras, continuam gerando situações profundas, especialmente dentro das famílias. E quando não lidamos com esses sentimentos, acabamos “sangrando” amargura sobre aqueles que nos cercam.
O ressentimento pessoal é o combustível que transforma dores não tratadas e feridas não curadas em algo coletivo. A dor não tratada é capaz de destruir em vez de construir, e o que não curamos em nós, acabamos transmitindo aos que amamos. Mas o que acontece quando a dor decide destruir? A amargura não é um fenômeno isolado de alguns; ela corrói muito mais vidas do que podemos imaginar. É como uma árvore de raízes profundas, nascida de uma pequena semente de ressentimento. Alimentar a amargura é, na verdade, erguer uma prisão para si mesmo.
Uma pessoa amargurada acaba vivendo em seu próprio mundo. Ainda que esteja cercada por pessoas, sente-se distante, isolada. Geralmente se aproxima das influências erradas e carrega dentro de si ofensas não resolvidas, que a afastam ainda mais da verdadeira comunhão. Pessoas feridas, não curadas, transformam-se em pessoas más.
A dor tem um processo, e precisamos lutar para que, nesse processo, a cura seja estabelecida, permitindo-nos ser luz nesta terra. O que realmente nos diferencia uns dos outros é a maneira como cada um decide lidar com a sua dor.
Precisamos nos lembrar continuamente de quem somos. Firmados na Rocha, temos clareza de nossa identidade. Estamos entre a Cruz e as investidas de Satanás, no meio do conflito, e é fundamental saber para onde correr. Cada geração precisa transmitir à próxima um legado de avanço, refletindo sobre o que deixaremos como herança.
Satanás sempre buscará romper esse legado, mas o céu deseja restaurar. O inferno usa a vulnerabilidade na transição geracional para impedir que o céu se manifeste plenamente na terra e que avancemos. A resposta de Deus, porém, é a restauração geracional.
A verdadeira sucessão começa com a honra, e não com a ambição. O legado inicia-se na honra, e a herança vem depois. A forma como começamos influencia profundamente como terminaremos. Mas Deus traz restauração, e hoje podemos recomeçar.
O ciclo de erros e as feridas que nos marcaram não precisam terminar em nós. Precisamos tomar uma decisão quanto a esse ciclo geracional de dor. É possível crescer sem nos tornarmos iguais aos nossos inimigos. Lembremos de Pedro, no Getsêmani, cortando a orelha de Malco, que nos mostra o quanto ainda somos carnais e influenciados pelas nossas dores. Não basta estar do lado certo; precisamos estar com as armas certas: honra, nobreza e perdão. Quando as usamos, Satanás não tem poder sobre nós.
A forma com que lutamos é tão importante quanto a verdade pela qual lutamos. O verdadeiro triunfo não é apenas ter a razão, é manter a pureza enquanto a gente luta pela razão. A cruz não é apenas o modelo de salvação, é um modelo de vitória.
A reconciliação é mais que uma doutrina, é o coração de Deus pulsando dentro de nós, é o evangelho na prática. O nosso compromisso como cristãos é reconectar as pessoas a Deus, restabelecer a comunhão, para que suas vidas alcancem a verdadeira felicidade. Perdoar é um fio invisível que costura um coração partido através de todas as gerações.
“Você está vencendo a que custo? Você tem mantido a nobreza da vitória ou se tornado parecido com o inimigo? Quais lutas você tem que encerrar hoje? Quais reconciliações você irá fazer?”